quarta-feira, 7 de maio de 2014

Intimidade é caráter!

por Murillo Leal

Todo mundo quer ter intimidade com Deus. Para isso, a grande média evangélica inventou congressos, conferências, e eventos, com objetivo de ensinar fórmulas e tentar criar um método para se ter “mais intimidade com Deus”.

De forma geral, no senso comum, ter mais intimidade é “passar mais tempo com Deus”. Por causa disso, reduzimos a tal da intimidade em uma simples realização da devoção disciplinada. Ensinamos isso para nossos jovens e adolescentes como ensinamos nossos cãezinhos adestrados a realizar tarefas para receberem um ossinho como recompensa, mas que nem entendem o que estão fazendo. Resumindo, de forma geral, ter intimidade com Deus é simplesmente orar e jejuar, ler a bíblia e ir na igreja.

Antes que as mentes sensíveis da internet me ataquem, deixo claro. É evidente que toda essa agenda devocional é extremamente importante. A oração é uma maneira de desenvolvermos um relacionamento com a pessoa de Deus. O jejum – apesar de que a maioria das pessoas pensam que é simplesmente uma “dieta santa” que funciona como moeda de troca com Deus – é uma importante tarefa a fim de ouvir o Pai. A leitura bíblica nos serve, entre tantas outras coisas, como um alimento para que possamos perceber como é a maneira de Deus se comunicar com sua criação. E comunhão na igreja nos coloca em contato com o outro, com a prática do afeto, do perdão, da alegria, e do relacionamento horizontal.


No entanto, sempre me pergunto porque nós sempre achamos que quanto mais tempo de devoção formos submetidos, mais intimidade teremos com o Pai? Bem, na realidade, ter intimidade não é você passar mais tempo com alguém necessariamente.

A exemplo disso, encontro pessoas que moram na mesma casa a muitos anos e não tem intimidade entre si e que apesar de dividirem jantar, café e almoço, constantemente desconfiam do caráter um do outro.

A convivência não elimina a dúvida, somente a confiança é a chave para a intimidade.

Outro dia, fiquei impressionado com um casal de noivos que conheço. Ao conversar com os dois, percebi que resolveram comprar cada um o seu apartamento, porque “não sabiam o dia de amanhã”. Perguntei porque é que não aproveitaram que tinham o dinheiro para comprar um só que fosse maior e mais conchegante mesmo que tivesse que ser no nome dos dois. Percebi a desconfiança, mas a falta de coragem em assumir tal posicionamento. Isso prova que a convivência não é sinal de intimidade, esse casal, apesar de estarem sempre juntos, não confiavam um no outro. Isso para mim não é intimidade.

Gosto de entender a intimidade como a confiança no caráter. Por isso, existe muita gente que desempenha um papel devocional impecável em relação a Deus, mas que não necessariamente confia no caráter Dele, não consegue descansar, não consegue entregar sua vida, seus filhos, sua casa, seu futuro e sua vida totalmente a Deus. Desse modo, desconfiamos da Palavra Dele e por consequência não tem intimidade com Ele.

Talvez quando entendermos quem é o Senhor, de fato, possamos ter intimidade com Ele.

E quando nossa devoção tiver como motivação o conhecimento do caráter Dele e não uma noção de obrigação possamos nos sentir mais íntimos Dele. A intimidade tem pouco a ver com convívio e muito a ver com quem é Deus, O que Ele diz sobre seus filhos e o que tipo de relacionamento ele quer conosco.

Que possamos conhecer e confiar no caráter daquele que é o único que fala a verdade, o único que pode nos arrancar das amarras da obrigação e nos colocar no prazer da sua presença. Que Ele cresça em nós para que possamos ser mais íntimos e ter prazer na sua presença simplesmente porque o amamos.



Murillo Leal é jornalista e escreve também no blog Crerpensando.
Contato: mumaleal@gmail.com
fonte:http://minhavidacrista.com/edificacao/intimidade-e-carater/

Nenhum comentário:

Postar um comentário