por: Leonardo Felipe
"Pois eu quero muito vê-los,
a fim de repartir bênçãos espirituais com vocês para fortalecê-los, quer dizer,
para que nos animemos uns aos outros por meio da fé que vocês e eu temos." (Rm.1:11-12)
A Individualidade e o Hedonismo infelizmente
são marcas recorrentes em várias igrejas e denominações evangélicas de nossa
contemporaneidade. Nesse ritmo, e sobre essa ótica, temos visto cada vez mais divisão
– e não a unidade diversificada – marcar o segmento cristão evangélico
brasileiro. Essas duas visões de mundo são
oriundas do lado externo das igrejas principalmente nesse período pós-moderno.
Nossas comunidades, que inicialmente
foram marcadas por “... tudo, porém, lhes era comum...”, mantiveram num tempo
bem presente essa caraterística, quando ainda se viviam na zona rural ou sobre
a influência mais próxima desse estilo de vida no campo. A crescente
urbanização acelerou esse processo de influência negativa do hedonismo e
individualização.
Algumas práticas das comunidades rurais
se assemelham aos mesmos princípios que o Apóstolo Paulo propõe nos dois
versículos que destacados da carta de romanos – e que vem sendo extintos em
nossos grupos. Práticas como mutirão; partilha de produtos, produção e doação
de serviços e bens eram comuns sobre tudo entre as pequenas propriedades rurais
e servem como excelentes analogias para nossos dias à luz do que Paulo
escreveu.
Paulo
escreve essa epístola aos membros da igreja de Roma. Ele não conhecia
pessoalmente essa Igreja, porém já sabia da elevada e renomada qualidade da fé
dessa comunidade (Igreja) (v.8). E mesmo sem os conhecer, Paulo escreve e
dedica sua principal carta. Paulo faz sua carta mais elaborada (um compêndio
teológico) para um povo (igreja) que não tinha vínculos com ele e que não havia
plantado. Conheço poucas pessoas que, como Paulo, se dedicam a escrever e
deixar literatura de qualidade e relevância sem se preocupar com o que vai
lucrar. Gente que dedica tempo escrevendo os insights de Deus entregando
literatura relevante e doa o que é arrecadado em favor de uma causa nobre como
a unidade da igreja; ou pessoas que dedicam tempo revisando textos e traduzindo
num trabalho silencioso. Isso é viver pela unidade.
Paulo
ansiava visitá-los, vê-los e conhecê-los (v.10-11); para partilhar (v.11) e
receber (v.12); confortar e ser confortado (v.12); animar e ser animado (v.12).
Paulo sabia algo que São Francisco diria depois de séculos “que é dando que se
recebe”. Paulo entendia que na atividade ministerial de partilhar as boas novas
do Reino, ele também recebia de volta. Nas propriedades rurais existia muito e
ainda existe o entendimento de coletividade, parceria e unidade. É comum ainda
ver nas pequenas propriedades o senso de comunhão.
Quando meus pais tinham um sítio próximo a
Goiânia, vi algumas vezes eles receberem um pedaço de carne de um novilho,
porco ou outro animal de rebanho dos vizinhos ou um pouco de algum produto de
lavoura recém-colhido dos mesmos; e eles assim também o faziam. Outro fato
corriqueiro eram os mutirões de serviço. Na época de plantação, vacinação dos
animais ou colheita os vizinhos se juntavam e organizavam até uma agenda de
atividade para atender as demandas de cada um. Uniam-se para alugar maquinas e
comprar insumos para baratear o preço.
Paulo sabia que não
era sua presença e capacidade que faria diferença, mas a palavra partilhada e a
comunhão entre os justos que traz a graça, presença, esperança e o reino. Em
tempos de divisão e hedonismo é difícil viver unidade cristã respeitando a
diversidade. Pedro Dulci disse que se tentarmos seguir nossa caminha sozinhos
estaremos fadados a morrer, porque nossa caminhada só é possível na unidade do
corpo de Cristo. Assim como os proprietários de pequenas propriedades só
sobreviviam trabalhando juntos e servindo uns aos outros precisamos entender
esse principio de unidade e lutar contra esse individualismo hedonista da pós-modernidade
urbanizada.
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