quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Diante do Senhor – O Religioso! (João 3:1-15)



Da Religiosidade Morta ao Novo nascimento em Cristo
por: Leonardo Felipe

Em algum momento da vida ficamos ou ficaremos, diante do Senhor!
Em algum dia ficamos ou ficaremos, frente a frente com o Senhor!
Em algum instante de nossa vida fomos levados ou procuramos a presença do Senhor!
Em algum lugar no passado ou no futuro nos encontraremos com o Senhor!
Esse momento, esse encontro, esse instante foi ou será decisivo, marcante e transformador em nossas vidas! Ou não!
Esse momento foi ou será um período curto ou longo onde nossas vidas são repassadas, revistas e avaliadas.
É nesse encontro que se inicia um processo de Transformação, Restauração e Regeneração.
A Bíblia toda apresenta vários momentos como esse e em especial os evangelhos (Exemplos: A Mulher Samaritana de João 4; O Endemoninhado de Marcos 5; O Publicano Zaque de Lucas 19; O Jovem Rico de Mateus 19). E todos esses casos estiveram diante do Senhor! Todos tomaram uma decisão. Seguir o Senhor? Ou Seguir suas vidas como queriam ou como o mundo oferecia?
Hoje vamos refletir sobre um desses encontros. O encontro de um Importante e reconhecido Religioso. Uma autoridade, um Fariseu renomado ficou Diante do Senhor. Seu nome era Nicodemos

Os Fariseus
Havia uma grande expectativa dos Judeus para o surgimento de um Messias que uniria a nação, formaria um exercito e libertaria Israel do Império romano. Os Judeus esperavam um Messias como Davi, um Governante e um Rei. Nesse contexto de exploração surge um grupo religioso em Israel entre os judeus, os Fariseus. Esse grupo acreditava e vivia com a convicção que poderiam e deveriam salvar a si mesmos ou alcançar o favor de Deus e suas bênçãos quando obedecessem perfeitamente à lei de Moisés e a série de regulamentos estabelecidos pelos homens. E Nicodemos pertencia a esse partido da salvação pelas obras.
Quando Jesus encontra Nicodemos ele estava provavelmente no primeiro ano dos três anos de seu ministério. Estava em Jerusalém para celebrar a festa da Páscoa. A fama e os boatos de Jesus já havia se espalhado pela sociedade judaica.

O Encontro “À Noite” (V.1-2)
Dizem que Nicodemos foi até Jesus nesse horário por ser um hipócrita e tinha más intenções, como outros Fariseus demonstraram ao longo do ministério de Jesus. Alguns afirmam que Nicodemos foi se encontrar com Jesus nesse horário para não ser visto.  Outros dizem que Nicodemos procurou Jesus nesse horário para encontrá-lo sozinho e assim ter mais tranquilidade no que queria conversar. Se olharmos com calma a narrativa completa de João (Ex.: Jo.7:50-51) veremos um Homem com um coração aberto. Um homem de coração sedento por um encontro com Deus. 
O Diálogo (V.3-11)
A partir desse momento se inicia um Diálogo entre Nicodemos e Jesus. Diante do Senhor o Religioso inicia uma conversa. Nicodemos inicia a conversa com muita formalidade e distância. Ele sozinho diante de Jesus fala: “Rabi, Sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus;...” primeiro ele esta sozinho, porque dizer “Sabemos”, parece àquelas orações feitas em público para demonstrar espiritualidade.
Hendriksen lembra que Nicodemos não faz nenhuma pergunta. No entanto, Jesus lhe responde, pois Jesus conseguia ler a pergunta que se encontrava profundamente sepultada no coração desse fariseu. V.3 “Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” Hendriksen salienta também que com base na resposta de Cristo, podemos seguramente presumir que a pergunta escondida no coração de Nicodemos era semelhante à que se encontra em Mateus 19:16 ("E eis que alguém, aproximando-se, lhe perguntou: Mestre, que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna?").
Durante o diálogo Nicodemos faz repetidamente a mesma pergunta: Como pode... nascer de novo? Pode nascer segunda vez? Como pode suceder isto? E Jesus faz a mesma afirmação mais duas vezes V.5 e V.7.
John Stott explica afirma que Jesus deve ter impressionado Nicodemos ao dizer-lhe que deveria nascer de novo. Mas, o que Jesus quis dizer? John Stott explica que obviamente Jesus não estava se referindo a um segundo nascimento físico ou a um ato de auto-reforma. Então como esse nascimento acontece?  De determinado ponto de vista, esse nascimento é inteiramente obra de Deus. Pois, ninguém jamais deu à luz a si mesmo. Portanto, o novo nascimento é um nascimento “do alto”, um nascimento “do Espírito Santo”. De nossa parte, no entanto, temos de nos arrepender e crer. Nicodemos não poderia evitar o batismo de arrependimento de João. Foi isso, que Jesus quis dizer com ser “nascido da água” (V.5). Nicodemos deveria então crer, colocando sua confiança em Jesus, o Messias, que era o Salvador de que necessitava.
O Discurso (V.12-15)
Em seguida Nicodemos faz um silêncio e Cristo inicia um discurso. Diante da insistente dúvida de Nicodemos, Cristo passa a explicar o que estava diante dos olhos do Fariseu.  Cristo volta ao Antigo Testamento no livro de Números capítulo 21 para explicar como alguém pode ser salvo e como podemos permanecer no Reino de Deus. Durante a jornada de Israel, do Monte Sinai até a planície de Moabe, o povo de Deus se rebelou novamente. O povo falava contra Deus e Moisés, dizendo: “Por que nos fizeram subir do Egito, para morrermos neste deserto, onde não há nem pão nem água?” Então Deus enviou serpentes venenosas no meio do povo, matando muitos. Quando o povo confessou seus pecados, Moisés orou por eles. “e Disse o Senhor a Moisés: Faça uma serpente abrasadora, ponha-a sobre uma haste, e será que todo mordido que a olhar viverá. Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste; sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a serpente de bronze sarava” (Nm.21:8-9).
Hendriksen diz que as palavras de João 3:14: “Assim como Moisés... do mesmo modo deve o Filho do homem” abre espaço para fazermos alguns pontos de comparação:
1.    Em ambos os casos (Números 21 e João3), a morte é apresentada como uma punição pelo pecado.
2.    Em ambos os casos (Serpente de bronze levantada e Filho do homem levantado) é o próprio Deus, em sua graça soberana, que provê (nos dá) o remédio.
3.    Em ambos os casos, este remédio consiste de algo (Serpente) ou alguém (Filho do Homem) sendo levantado à vista do público.
4.    Em ambos os Casos, aqueles que, com um coração crente, olham para aquilo (ou Aquele) que foi levantado são curados.
Nesse discurso explicativo de Cristo o “Levantamento do Filho do Homem” (Ele mesmo) é apresentado com o único remédio possível para o pecado, pois somente dessa maneira as exigências da santidade e da justiça de Deus podem ser satisfeitas.  
Essa parte do discurso de Jesus termina com uma ressalva. Apesar de Cristo ser levantado diante de todos, Ele não salva a todos. No verso 15 Lemos, “para que todo o que Nele crê tenha a vida eterna.” Somente os que olharem para Cristo com humildade, arrependimento e fé, obtêm a vida eterna.



Algumas aplicações podem ser feitas a partir dessa passagem.
1ª Cristo recebe a todos com Amor
Cristo recebe a todos que o procura:
- Mesmo quando estamos com medo;
- Mesmo quando o buscamos escondido das outras pessoas;
- Mesmo quando estamos com vergonha;
- Mesmo quando estamos fugindo;
- Mesmo quando estamos desesperados;
- Mesmo quando estamos perdidos.
Cristo recebe a todos com Amor. Cristo fica diante de nós e nos traz (como disse Pedro) “Palavras de vida eterna!” Cristo fica diante de nós e nos traz refrigério para nossas almas feridas, cansadas e angustiadas. Cristo fica diante de nós e nos mostra, acima de tudo o caminho da salvação – que é Ele mesmo! Que é Crer e Confessar que Ele é nosso único e suficiente salvador! Portanto, nossa primeira aplicação é que precisamos sempre procurar o Rei dos Reis, o Cordeiro de Deus – Cristo Jesus e ali onde estivermos Diante do Senhor ouvi-lo, obedecê-lo, segui-lo e permanecer Nele.

2ª Só encontramos salvação, vida eterna e reino de Deus em Cristo.
Só encontramos Salvação, Vida Eterna e Reino de Deus quando nascemos de novo, quando nascemos da água e do Espírito Santo, quando nascemos do Alto. Ou seja, quando nos arrependemos e cremos em Jesus Cristo. Porém, precisamos ter cuidado e atenção para não vivermos um Cristianismo Fariseu. Da mesma forma que fomos alcançamos pela graça salvadora precisamos desenvolver essa nova vida na dependência do Senhor. Na obra da Salvação dependemos do Senhor. Na obra da Regeneração, Restauração e Santificação precisamos depender do Senhor. O Apóstolo Paulo em Efésios 4:22-24 e 30 fala da nossa responsabilidade nesse processo ("Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade. Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção." Ef.4:22-24 e 30). Depender do Senhor através da ação do Espírito Santo nesse processo de santificação e regeneração é algo crucial para conseguirmos êxito.

3ª Reavaliando e Recomeçando.
Assim como é necessário nascer de novo para a Salvação, em alguns momentos da nossa vida-caminhada precisaremos começar tudo de novo.
Recomeçar sua vida com sua família em outro lugar. Recomeçar uma relação familiar desfeita. Recomeçar uma atividade profissional. Recomeçar um ministério afundado/enterrado. Em qualquer uma dessas situações e em outras devemos ir até o Senhor e ouvir Dele o que é melhor, como agir, o que e quando fazer.

4ª Manter nosso foco – nossos olhos em Cristo.
Paulo em 1Corintios 4:2 diz:"...o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel." (1Co.4:2). A única forma de não cairmos nas tentações de Satanás, nas ofertas do mundo e na maldade e carnalidade de nossos corações e mantendo nosso foco em Cristo. Manter nossos olhos em Jesus Cristo. Não é uma prática religiosa que pode nos salvar desse mundo, das tentações diabólicas, e da nossa iniqüidade. Mas, é nossa dependência a Jesus e o sujeitar das nossas vidas a ação do Espírito Santo que pode nos levar para a vida eterna.

Para terminar quero contar uma história real:
Já havia se passado das 3 horas da tarde! E três homens estavam mortos. Condenados à morte, perderam a vida. Dois eram ladrões e o último um carpinteiro de Nazaré, o Messias esperado - Cristo Jesus, foi perseguido, preso e condenado por pregar o amor e a chegada do reino de Deus. Um Reino que não é físico e humano.
Depois de tudo isso, um discípulo de Jesus, José de Arimateia, pediu a autoridade responsável (Pilatos) que liberasse o corpo de Jesus. Pilatos dá a permissão.
E antes do anoitecer dois homens vão até aquele lugar, o monte caveira ou Gólgota (Calvário). José de Arimateia estava acompanhado de Nicodemos. Ele mesmo, Nicodemos que tinha ido conversar com Jesus de noite, aparece agora, em plena luz do dia, carregando uma mistura de mirra e aloés, que pesava cerca de trinta e cindo quilos. Eles pegaram o corpo de Jesus e, de acordo com a tradição judaica de sepultamento, envolveram-no em linho com as especiarias. Havia um Jardim perto do lugar onde ele havia sido crucificado, e no jardim, um sepulcro novo, no qual ninguém havia sido ainda sepultado. Então, o colocaram no sepulcro novo. Depois de três dias esse sepulcro ficaria vazio, pois a morte não poderia segurar Cristo Jesus. E hoje Ele está vivo.
Nicodemos não era mais um Fariseu renomado e importante. Ele havia nascido de novo. Nascido da água e do Espírito, Nascido do Alto. Era um Filho e um Discípulo do Rei dos Reis. Era um representante do Reino de Deus! (João 19:38-41)

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